Sistemas de Condução


Por sistemas de condução da vinha, entende-se todo o conjunto de decisões culturais que incluem:

  • compasso de plantação (m x m), isto é, o afastamento entre videiras;
  • densidade de plantação (nº de videiras/ha);
  • orientação das linhas forma de condução da videira número de sebes;
  • orientação das sebes; altura e largura das sebes; altura do tronco ou dos cordões);
  • tipo de poda (curta, longa, mista)  e carga à poda (número de olhos/ha);
  • intervenções em verde (despontas, desfolhas, mondas);
  • revestimento do solo (permanente, mobilizado);

Muitas destas decisões culturais são condicionadas pelo encepamento e características do terreno, mas outras são de ordem económica, nomeadamente a possibilidade de mecanização e o consumo em mão-de-obra.

A mais importante, é sem dúvida a escolha da forma de condução da videira, não só porque condiciona outras definições, mas por que com uma boa orientação da vegetação e boa drenagem junto aos cachos, assegura-se a qualidade das uvas.
Compasso e Densidade de plantação
O compasso de plantação é definido pela distância das videiras entre as linhas (m) e pela distância das videiras na linha (m), portanto expresso por, entrelinha x linha (m x m), cujo produto traduz a área ocupada por cada videira (m2).




A densidade de plantação é o número de videiras por hectare, que se obtém dividindo 1 hectare (10 000 m2) pela área de cada videira (m2). Por exemplo, um compasso de plantação de 2,5 m x 2,0 m, determina uma área por videira de 5,0 m2 e portanto uma densidade de plantação de 2 000 videiras/ha.

O espaçamento entre as linhas depende da largura e altura das sebes, que deve evitar ensombramento de linhas contíguas, e da passagem do tractor, que tendo em conta o espaço ocupado pela sebe na entrelinha, precisa no mínimo 2,50 m. Em termos gerais e para sebes únicas, a altura da sebe deve ser 0,8 do valor da entrelinha, por exemplo para uma entrelinha de 3,00 m, a altura total da sebe não deve exceder os 2,40 m.



O espaçamento entre as linhas varia normalmente entre 2,5 m - 3,0 m para a maior parte dos cordões, com excepção das cruzetas ou cordões altos que admitem valores de entrelinha maiores, entre 4,5 m - 5,0 m.

NÚMERO DE VIDEIRAS POR HECTARE

Distância entre videiras na linha

1,0 m

1,5 m

2,0 m

2,5 m

3,0 m

 

   Distância       entrelinhas

2,50 m

4000

2666

2000

1600

1333

2,75 m

3636

2424

1818

1454

1212

3,00 m

3333

2222

1666

1333

1111

3,50 m

2857

1904

1428

1152

952

4,00 m

2500

1666

1250

1000

833

4,50 m

2222

1481

1111

888

740


A distância entre videiras na linha depende do vigor da casta e da fertilidade do solo, bem como da condução (nº de cordões, videiras isoladas ou agrupadas; cordões simples ou duplos, cordões sobrepostos ou não sobrepostos). Varia normalmente entre 1,0 m - 2,0 m para cordões sobrepostos e entre 2,0 m - 3,0 m para cordões simples.
Orientação das linhas
A orientação das linhas, salvo a definida pela linha de maior comprimento da parcela (que deve ser determinante por motivos de mecanização), deve dar prioridade ao sentido N-S, pois para a latitude local, é a orientação que traz mais ganhos de insolação sem riscos de escaldões nas horas de maior calor.



A videira na linha deve ser orientada no sentido do sol, salvo em zonas ventosas, em que se deve respeitar o sentido da dominância dos ventos, pois há castas muito sensíveis à desnoca (exemplo: Loureiro). Para uma mecanização integrada, as videiras devem ser orientadas sempre para o mesmo lado, dentro da mesma linha, e de sentido alternado de linha para linha.

Formas de condução
São ainda hoje muitas as formas de conduzir videiras nesta região, devido à passagem do sistema de cultura tradicional em bordadura para o sistema intensivo, ocupando a vinha toda a parcela de forma alinhada.


Formas tradicionais de bordadura


Ramadas


As ramadas ou latadas consistem, em termos gerais, em estruturas horizontais ou inclinadas, de ferro ou de madeira e arame, assentes sobre esteios, geralmente de granito.

Se bem que esta forma de condução, pelos custos de instalação e manutenção que apresenta, não seja atualmente recomendável para vinhas de dimensão, em determinadas situações, será uma forma a considerar, proporcionando bons níveis de produção. Em parcelas de áreas extremamente reduzidas, na bordadura do terreno (mesmo de vinha contínua) e ainda para aproveitar espaços improdutivos, como caminhos, largos, logradouros, tanques e fontes. Em qualquer das situações deve-se considerar:

-       Utilizar uma só linha de postes para suporte

-       Altura inferior a 2,0 m, para facilitar as operações de poda e vindima

-       Bancada ligeiramente inclinada para melhor exposição das uvas ao sol

-       Espaçamento entre videiras nunca inferior a 1,30 m.

 

Bardos Altos 

Os bardos altos (uma modernização dos tradicionais arejões) podem, como as ramadas, ocupar a bordadura do terreno (mesmo de vinha contínua), de forma a explorar integralmente a área da parcela.

Com uma estrutura assente em esteios de granito ou cimento de 3,0m de altura e de 3 a 4 níveis de arames, onde as videiras são conduzidas em poda de vara corrida ou com empa tipo Guyot duplo. Não são tão produtivas quanto as ramadas e as operações de poda e vindima são mais onerosas.


Formas contínuas mais antigas


Distinguem-se cordões duplos (divisão da cepa em dois cordões) dos simples (não divisão da cepa: cordão único), podendo os cordões sobrepostos ou paralelos (cruzeta) ser formados por cordões duplos ou simples. Por exemplo, o Cordão Sobreposto, pode ser formado por cordões simples ou duplos.

 

Cruzeta (Cordão Simples Retombante) / GDC (Cordão Duplo Retombante)

Cruzeta foi o nome dado à forma de condução, que nesta região usou de uma armação em cruz para suporte e disciplina dos cordões, então designados festões. Associada a uma poda de vara e talão, é formada por sebes de vegetação retombantes e paralelas, asseguradas por cordões simples oriundos de grupos de 4 videiras plantadas junto a cada cruzeta. A altura dos cordões varia de 1,70-1,80 m do solo e o afastamento entre si de cerca de 2,00 m, afastamento este que corresponde ao dos 2 arames que correm paralelos entre as extremidades das cruzetas. Para colmatar o inconveniente de plantar as videiras em grupo, é possível obter esta condução separando as videiras ao longo da linha mas passando de cordões simples a duplos, isto é, dividindo uma videira isolada em dois cordões que seguem em paralelo nos arames em sentido contrário. Trata-se do conhecido GDC "Genéve Double Cordon" de Itália, de poda e vindima totalmente mecanizada. Dada a mais baixa densidade de plantação deste sistema, a mais tardia entrada em produção (altura do tronco) e os elevados custos de instalação (armação), é uma forma que apenas deverá ser utilizada em terrenos mais férteis, que favoreçam o vigor da videira.

Cruzeta (Cordão Simples Retombante) / GDC (Cordão Duplo Retombante)

Cordão Sobreposto Retombante (duplo ou simples) - CSOB

Forma vulgarmente conhecida por Cordão Sobreposto, surge para colmatar a menor densidade de plantação e de planos de vegetação (e consequentemente de produção) do Cordão Simples, pela sobreposição na vertical de duas sebes de vegetação totalmente retombantes. Na origem das duas sebes sobrepostas poderão estar cordões simples ou duplos que correm alternadamente em dois níveis de arames, separados de 0,80-1,00 m. A altura dos dois níveis de arames varia entre 1,00-1,20 m no inferior e entre 2,00-2,20 m no superior. Forma associada a uma poda mista de vara e talão. Nesta forma de condução, e pelo facto de ter duas sebes sobrepostas, verifica-se frequentemente o efeito do ensombramento da sebe superior sobre a inferior, prejudicando a maturação e a sanidade das uvas, situação mais agravada quando a separação das duas sebes não é conseguida pela ausência de intervenções em verde, ou pelo baixo afastamento entre as duas sebes.

 

Cordão Sobreposto Retombante (duplo ou simples) - CSOB

 

Cordão Simples Retombante - CSR

Forma vulgarmente conhecido por Cordão Simples, surge como uma alternativa mais económica à Cruzeta: custos de armação mais baixos e entrada em produção mais cedo. Formada por cordões simples, inicialmente com a plantação de 2 videiras juntas e posteriormente isoladas, de altura de 1,70-1,80 m e só com um arame único para suporte do cordão que garante uma vegetação totalmente retombante. Forma associada a uma poda mista de vara e talão. Apesar de ter custos de instalação mais baixos, o facto de possuir uma sebe única e apenas retombante, requer intervenções em verde atempadamente (''''''''pentear'''''''' da vegetação); por outro lado, o facto de ter apenas um fio de arame ficando a vegetação livre, em zonas ventosas há o perigo de haver uma quebra significativa de sarmentos o que afecta a produção final. Ainda pelo facto de ter a vegetação totalmente retombante, há sempre uma percentagem de cachos demasiado encobertos mais sujeitos à podridão, e por outro lado, uma percentagem de cachos excessivamente expostos, que em certas situações estão sujeitos ao escaldão.

 Cordão Simples Retombante - CSR


Formas contínuas mais recentes


Cordão Simples Ascendente e Retombante - CAR

Forma erradamente conhecida por Sylvoz, pois inicialmente esta condução esteve associada a uma poda tipo Sylvoz (varas longas empadas a um nível inferior ao do cordão). A repartição da sebe única do cordão simples retombante em duas direcções opostas, foi conseguida pelo abaixamento do nível do cordão para valores da ordem de 1,20-1,35 m e pela introdução de mais dois níveis de arame superiormente ao nível do cordão, separados aproximadamente de 0,40 m. Forma associada a uma poda mista de vara e talão, inclui três fiadas de arames, sendo os responsáveis pelo suporte da vegetação ascendente mais recentemente constituídos por fiadas duplas. Quando associado a uma poda mais longa e empada (tipo Sylvoz) dá produções ao nível das dos cordões de duas sebes, muito embora este tipo de poda seja mais cara pelo maior consumo em mão-de-obra. Este sistema surge com o objectivo de tirar partido do maior vigor conseguido pelas varas de crescimento ascendente, garantindo maior fertilidade e a poda do ano seguinte; também diminuiu a sensibilidade à podridão dos cachos frequente no CSR e aumentou a superfície foliar exposta com ganhos na aquisição de açúcares.

Cordão Simples Ascendente e Retombante - CAR

 

Cordão Simples Ascendente - CSA

Forma erradamente conhecida por Cazenave, pois inicialmente esta condução esteve associada ao tipo de poda Cazenave (varas atadas a um arame superior com uma inclinação de 45º e talões). A altura do cordão ao solo varia entre os 1,10-1,20 m e admite 2 a 3 fiadas de arame acima do cordão para suporte da vegetação, que nesta região não deve ter valores nunca inferiores a 1,00 m de altura. Recentemente usam-se arames duplos, pelo menos nas duas fiadas acima do cordão, ou a colocação de uma fiada móvel, que ao longo do crescimento muda de posição. Forma associada a uma poda mista de vara e talão. Esta condução de vegetação totalmente ascendente, foi assumida mais recentemente na região e para determinadas situações, pois o maior vigor induzido às varas que crescem para cima não combina de todo com vigor típico das castas e condições regionais. É uma alternativa para as situações de vinhas em meia encosta, em terrenos mais secos que imprimam reduzido vigor à videira. Por outro lado, é das formas mais adaptáveis à mecanização das operações de poda e vindima.

Cordão Simples Ascendente - CSA

 

Cordão Sobreposto Ascendente e Retombante (duplo) - LYS

Tipo de cordão mais recente na região, tendo tido como precursor o CAR. Uma videira divide-se em dois cordões que são orientados em sentidos opostos e a níveis diferentes, sendo o do nível superior responsável pela vegetação ascendente e o do nível inferior pela retombante, ficando separados por cerca de 0,35-0,40 m, o que cria uma abertura no sistema (''''janela''''). A sobreposição de sebes ascendente com retombante é sempre de videiras distintas, a retombante de uma tem sobreposta a ascendente da videira seguinte. A altura ao solo do 1º arame é aproximadamente de 1,10 m e do 2º arame de 1,45 m (0,35 m de ''''janela''''), distando deste a 1ª posição do arame duplo de 0,25 m, e a 2ª posição de outros 0,25 m e finalmente o último arame a cerca de 0,35 m da 2ª posição do arame duplo. Forma associada a poda mista de vara e talão mas poderá sê-lo do tipo Guyot para determinadas castas. Este sistema tem revelado boas produções desde o início e com níveis elevados em açúcares, bem como bom estado sanitário das uvas. 

Cordão Sobreposto Ascendente e Retombante (duplo) - LYS


Castas Minoritárias

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Preparação do Terreno

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