Manutenção do Solo


Na cultura da vinha, a manutenção do solo é de extrema importância, como meio de evitar a concorrência de outras culturas intercalares com a videira. Também há que respeitar as propriedades físicas do solo e a sua fertilidade, bem como o equilíbrio natural do ecossistema vinha.

Cada ecossistema vitícola determina o modo de actuar mais aconselhável: o declive do terreno, a fertilidade do solo, a disponibilidade em água e o vigor da vinha, são alguns factores condicionantes.

Em termos de estratégia de conservação do solo, há duas medidas a considerar, uma é proteger o solo da vinha da erosão durante o período de Outono-Inverno - período de maior pluviosidade na região - com um coberto herbáceo (enrelvamento) que pode ser de vegetação espontânea ou semeada; a outra é fazer a chamada mobilização mínima do solo, para diminuir a compactação, usando corta-matos na entrelinha durante a Primavera-Verão.

Controlo cultural (Enrelvamento)

A prática do enrelvamento, é uma forma de controlo sustentado das infestantes, promovendo o equilíbrio entre as relações solo/videira, tal como admitir menores perdas de água por evapotranspiração no Verão, promover as populações de auxiliares e criar alternativas (hospedeiros) para insectos predadores.

Os enrelvamentos podem ser temporários (sementeiras anuais), ou permanentes, com a flora espontânea ou sementeira de leguminosas, gramíneas ou mistura. A época indicada para a sementeira é no início do Outono com as primeiras chuvas, e as espécies mais usadas são os trevos, serradelas e tremocilhas, entre as leguminosas, e os azevéns, festucas, agrostis e dactilys, entre as gramíneas. Também há misturas comerciais, conforme os solos e objectivos específicos.

Durante a Primavera há que proceder ao corte da vegetação semeada ou não, que no Verão seca e auto-semeia-se.

 


Controlo mecânico

As infestantes da vinha podem ser controladas através de mobilizações do solo, quer nas entre-linhas quer ao nível das linhas.

A mobilização que incorpora as infestantes no solo pode ser conseguida por passagem da cavadeira, escarificador, fresa ou grade de discos, no espaço da entre-linha; já na linha, tem de se recorrer a um intercepas (com grade de discos ou fresa) que munido de um sensor recua ao aproximar-se das cepas.

Por vezes, o trabalho mecânico continuado provoca uma amontoa de terra junto às cepas ao longo das linhas - que em zonas frias até pode ser benéfico par proteger o colo da cepa dos grandes frios - mas depois exige uma correcção no sentido de repor a terra alisando o terreno, o que pode ser conseguido com a charrua vinhateira.

Pode-se, fazer ou não, um sulco central pouco profundo, na entrelinha, para correcções e adubações anuais.

 

controlo mecânico infestantes


Controlo misto

Controlo nas entre-linhas

O uso alternado das técnicas de mobilização/enrelvamento nas entre-linhas, vem sendo cada vez mais usado; linha sim linha não, as entre-linhas são mobilizadas e enrelvadas alternadamente em cada ano (''efeito zebra''). Deste modo, combinam-se as vantagens da mobilização (facilita a incorporação de adubos e estrumes; aumenta a fertilidade do solo ao incorporar a vegetação; facilita a oxigenação do solo; evita a concorrência com as disponibilidades hídricas e nutricionais da videira e destrói focos de propagação de doenças, como o míldio) com as vantagens do enrelvamento (melhora a estrutura do solo; facilita o trânsito das máquinas; quando inclui leguminosas é fonte de azoto pela fixação do azoto atmosférico e de fósforo pela decomposição das raízes adventícias; é hospedeiro de auxiliares limitantes de pragas como as cochonilhas, a cigarrinha verde e a piral). As vantagens e desvantagens destas técnicas, faz com que se deva combinar racionalmente o uso de ambas.

linha sim linha não

 

Controlo nas linhas

Durante o ciclo vegetativo da vinha, é muito importante que a linha esteja limpa de infestantes, pelo que o mais vulgar é controlá-las pela utilização de um intercepas. Para áreas mais pequenas, é frequente o controlo das infestantes na linha com a roçadora, o que exige uma grande a atenção por parte do operador.

Para as vinhas mais jovens, pode também fazer-se o controlo das infestantes na linha, recorrendo à aplicação de plástico biodegradável nos dois primeiros anos.

aplicação plástico linha

 

Controlo nas entrelinhas vs linhas

Perante as opções anteriores, e tendo sempre em conta o regime pluviométrico desta região - Primaveras chuvosas e Verões quentes - o mais aconselhável será a modalidade combinada de manter um enrelvamento controlado nas entrelinhas (natural ou semeado) e a aplicação de herbicida na linha.

Por outro lado, se o solo for pobre, que induza pouco vigor à videira, com pouco risco de erosão e com impossibilidade de rega, será aconselhável proceder a uma mobilização na Primavera-Verão (evitar concorrência com a vinha) e manter um enrelvamento natural durante o Outono-Inverno, com aplicação de herbicida na linha.

Se o solo é rico, a vinha está vigorosa, há riscos de erosão mas há também capacidade de rega, então a melhor opção passa por um enrelvamento permanente, com aplicação de herbicida na linha.


Controlo Químico
A aplicação de herbicidas no controlo das infestantes da vinha, exige alguns cuidados, nomeadamente:

 Aplicar com base no volume de calda por hectare, e atender ao tipo de bicos utilizados e à cobertura vegetal do solo (infestantes dominantes).
 Aplicar no momento oportuno, isto é, nos primeiros estados de desenvolvimento das infestantes, e caso a vinha já tenha iniciado a rebentação, eliminar os ladrões do tronco previamente, no caso de herbicidas sistémicos.
 Ser efetuada sempre em baixo volume, evitando deriva ou arrastamento do produto para o solo, e distribuindo-o uniformemente.
 Aplicar com o tempo seco e quente e sem vento.

Infestantes

As infestantes, vulgarmente designadas por ervas, são consideradas inimigos chave da vinha, porque causam sistematicamente importantes prejuízos, em virtude da enorme competição com as videiras quer em relação à água quer em relação aos nutrientes existentes no solo, e em particular, nos períodos críticos de maior desenvolvimento vegetativo. Essa competição traduz-se, por um lado, na diminuição do crescimento de videiras jovens, e por outro, na redução da quantidade e qualidade da produção.

Perante as condições edafo-climáticas desta Região, as infestantes nas vinhas são particularmente nefastas por contribuírem para um microclima da folhagem demasiado húmido e escuro, favorável ao desenvolvimento de doenças como míldio, podridão cinzenta e oídio. Podem também, por vezes, ter o inconveniente de ser hospedeiras de pragas, tais como ácaros tetraniquídeos e outras pragas polífagas, como a piral.

As espécies mais concorrencionais com a vinha são as anuais de Primavera-Verão, algumas bianuais, e as vivazes, que se propagam por rizomas, estolhos e bolbos.

infestante linha


Intervenções na videira

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Sanidade Videira

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