A época normal da poda realiza-se durante o período de repouso vegetativo após a queda da folha, e uma vez canalizadas as últimas reservas ativas das folhas da videira para as varas, tronco e raízes.
Desde o Verão até à Primavera seguinte, os olhos passam por várias fases de dormência, influenciando a época da poda e o início da rebentação, uma vez que, na fase de pós-dormência, os olhos já retomaram a capacidade de abrolhar (após os primeiros frios do Outono), dependendo o fenómeno apenas das condições climáticas.

As podas precoces vão desencadear processos de rebentações precoces, que ficam sujeitas à ação de geadas tardias, frequentes em alguns locais da região.
O período de tempo para a realização da poda, praticamente 3 meses, torna-se escasso para quem possui áreas de vinha importantes, e mais escasso ainda quando as condições climatéricas não permitem bons rendimentos com esta operação cultural; por outro lado, não é aconselhável podar durante períodos de fortes geadas, pois os sarmentos estão quebradiços e expõem-se os tecidos das superfícies de corte ao frio.
É importante aplicar o conhecimento sobre a precocidade das castas no abrolhamento, devendo-se iniciar a poda pelas castas mais tardias (caso da casta tinta Vinhão e da casta branca Trajadura). Para minimizar a ação das geadas tardias, a poda pode fazer-se em duas fases, designada por ''poda a 2 tempos'', em que numa pré-poda a videira é podada ''por alto'' e mais tarde, é acertada a carga para os níveis pretendidos.

Na operação poda, o podador tem de estar atento ao estado sanitário das videiras, pois os instrumentos usados (tesouras, serrotes, etc) são veículo próprio de transmissão de algumas doenças e pragas, e particularmente das conhecidas ''''doenças do lenho''''.
A facilidade de propagação de doenças por entrada nas feridas de poda, é mais grave nos cortes de lenha de dois ou mais anos, pois são maiores. Outro modo de propagação surge pela não destruição de varedo doente que se deixa permanecer na vinha, onde formas hibernantes são facilmente transportadas pelo vento. Entre essas doenças, e por ordem de importância no país, destacam-se a Escoriose, a Esca e a Eutipiose (fungo precursor do sindroma da esca). Mais recentemente, a doença da Flavescência Dourada tem crescido na região, pelo que a destruição da lenha de poda assume maior importância.
No Inverno, a Escoriose está na base das varas sob a forma de picnídios (pontuações negras) e nos olhos basais protegidos pelas escamas sob a forma de micélio. Daí a importância de não fazer podas muito curtas em videiras infectadas, na medida em que só se favoreceria a rebentação de olhos basais infectados.
Quanto à Esca, considerada doença de videiras mais velhas, hoje ocorre com frequência em videiras jovens, com 1 a 3 anos de enxertia, provocando a sua morte prematuramente. Tanto se apresenta numa forma lenta, tornando-se a circulação da seiva deficiente e o aparecimento dos sintomas típicos nas folhas por libertação de toxinas por parte dos fungos, quer numa forma rápida, apoplética, com a morte de videiras ou ramos, com uma sintomatologia que se confunde com a da podridão radicular.
Também a Necrose Bacteriana pode entrar por feridas de poda ou por contaminação direta dos olhos que recebem os choros resultantes das feridas de poda.
Outra preocupação, embora de ação mais limitada, é a Cochonilha Algodão, presente nos sarmentos que à poda devem ser eliminados, assim como se deve proceder à raspagem dos troncos, pois as formas hibernantes como ninfas ou fêmeas adultas escolhem também como abrigo a casca dos troncos.
De modo semelhante, os Ácaros Tetraniquídeos hibernam sob a forma de ovos sob o ritidoma dos troncos, nas varas em redor dos gomos, nas cicatrizes foliares e na base dos talões ou ''''polegares'''', pelo que a lenha de poda deve ser igualmente destruída.
Normalmente a poda de formação corresponde aos três primeiros anos da videira, salvo nas conduções altas do tipo da cruzeta ou cordão sobreposto, que pode levar 5 anos; dá-se por concluída no ano em que se deixam apenas unidades de frutificação de vara e talão.
Nesta região onde há comprimentos de cordão que atingem os 3,0 m, coexiste a poda de vara e talão com a de uma vara mais ou menos longa - guia - responsável pelo preenchimento gradual do espaço entre videiras.
Toda a poda de formação passa pela fase de ''vara vertical'', vara única eleita das varas oriundas do garfo da enxertia, orientada na vertical e que consoante o vigor expresso e a altura do tronco pretendida, contém um número limitado de olhos.
Varia normalmente entre 4 a 6 olhos, que podem posicionar-se a um nível mais elevado do solo por supressão de alguns olhos basais, e para castas de entre-nós muito curtos (ex: Trajadura), podem-se cegar olhos alternadamente para ganhar altura.

Esta fase sucede ao segundo ano após a plantação, quer de bacelos quer de enxertos-prontos. Nesta região, nas vinhas onde as alturas do tronco são elevadas (ramada, cruzeta, cordão sobreposto, cordão simples), a fase da vara vertical é muitas vezes prolongada por mais um ano, até se atingir o nível de entrada da(s) vara(s) no arame. Naturalmente que este aspeto tem também a ver com o vigor do material que lhe pode advir da fertilidade do solo e das regas.
Dada a dominância apical dos olhos, isto é, a maior afluência de seiva aos olhos terminais da vara orientada na vertical, a rebentação ocorre prioritariamente nesses olhos dando origem às varas mais vigorosas; este aspeto é muito importante, pois dos seus níveis de inserção se parte para a posterior formação dos cordões ou braços uma vez definida a altura de tronco.

O ano da formação dos braços é decididamente o mais importante, na medida em que várias particularidades técnicas se colocam em simultâneo.
1. devem ser escolhidas varas vigorosas e oriundas de olhos do lado contrário àquele para onde se dirigem, por uma razão de ordem física, dado que se deve proceder a uma empa (curvatura) no sentido contrário à tendência da mesma esgaçar. No caso de se tratar de um cordão duplo, com divisão do cordão em dois, estes devem ''cruzar-se'' em sentidos opostos (a), garantindo mais estabilidade à videira e não desperdiçando tanto arame não preenchido com cordão (b).

2. por norma, não se deve eleger a vara do gomo terminal, mas sim do penúltimo gomo e que respeite a posição do gomo referida atrás; isto porque, o último meritalo (ou entre-nó) da vara vertical é normalmente mais fino e portanto não contém as mesmas reservas do que o anterior. Evita-se assim um ''ponto de fragilidade'' entre a vara do ano anterior e o início da vara que forma o braço.
3. em função do vigor da vara e da altura do arame ao solo, onde a vara vai dar entrada, colocam-se sempre algumas questões:
- se a melhor e às vezes a única vara, está demasiado próximo do arame de inserção (limite 20 cm) vai originar uma curvatura demasiado forçada e de pouca flexibilidade. Uma solução passa por atrasar a entrada no arame nesse ano, elegendo uma vara mais fraca para formação de nova vara vertical; caso não haja outra vara a eleger, a disponível próxima do arame dará entrada recorrendo-se a uma ligeira curvatura do próprio tronco para minimizar uma curvatura forçada.
- se a vara é suficientemente vigorosa para a extensão pretendida, isto é, para dar a curvatura no nível ideal e ainda percorrer pelo menos metade do comprimento final, são cegados os olhos situados abaixo do arame incluindo os da curvatura e concentra-se a carga toda na parte da vara horizontal assente sobre o arame. Em condições de excelente vigor, perante varas muito vigorosas, não é aconselhável a prática de deixar carga na vara do ano na vertical, cegar os olhos da curvatura, e deixar ainda carga na vara já empada na horizontal. Isto porque se corre o risco da videira só responder aos olhos da parte da vara vertical, e não ou muito fracamente, aos da parte da vara na horizontal, ''puxando atrás'' como vulgarmente se diz.
4. para uma resposta regular dos olhos deixados na vara horizontal deitada sobre o arame, é relevante a forma de atar a vara ao arame. Deste modo, não se devem poupar atilhos para que a vara fique bem estendida sobre o arame, e garantir uma curvatura harmoniosa sem formação de ângulos sendo importante o primeiro atilho suceder sempre ao primeiro olho da vara.

5. é essencial garantir a limpeza primaveril de rebentações oriundas dos olhos cegados nas curvaturas e abaixo delas, pois pelo efeito da empa verifica-se uma afluência preferencial de seiva a essas rebentações em detrimento das da carga deixada à poda. Para minimizar esta tendência há que realizar convenientemente o corte dos gomos, com a face da lâmina da tesoura mais rasa apoiada na base do olho, caso contrário, podemos eliminar o gomo principal mas não os secundários que rebentarão na falta do principal.
Pelas mesmas razões se devem manter as videiras limpas de ramos ladrões, proveniente de olhos dormentes do tronco da videira, que nesta fase correspondem à antiga vara única vertical.
O vigor e a altura do tronco determinam a duração da fase de formação; assim, para um Cordão Simples Ascendente (CSA) de 1,10 m de altura, um Cordão Ascendente e Retombante (CAR) de 1,35 m de altura e um Cordão Simples Retombante (CSR) de 1,70 m de altura, têm um ponto de partida comum, isto é, um enxerto com um garfo de 2 gomos no 1º ano, donde emergem duas varas, seguindo-se a eleição da vara única que conterá entre 4 a 6 olhos, proporcional ao seu vigor.
Ao 3º ano, a vara eleita para dar entrada no arame é conseguida para as formas de condução a 1,10 m e a 1,35 m mas não para entrar a 1,70 m, pelo que neste último caso deverá ficar de novo uma vara única vertical para ganhar altura e entrar no arame no ano seguinte (4º ano).

Na poda de formação de cordões sobrepostos, isto é, que têm duas alturas de tronco, é mais rápida a formação do cordão inferior e mais demorada a do cordão superior. Há pois uma fase simultânea de poda de produção do cordão estabelecido a menor altura e de poda de formação do cordão mais alto. Esta diversidade obriga a atender criteriosamente à eleição de varas em função das condições de vigor em causa, como é o caso do Cordão Sobreposto (CSOB) com alturas de tronco a 1,10 m e 2,10 m e com ambas as sebes retombantes.

No caso do Lys, as alturas de tronco a 1,10 m e 1,45 m, respectivamente para uma sebe retombante e outra ascendente, são as indicadas.

Dentro do possível, é aconselhável deixar sempre uma carga nas varas que se dirigem para o arame superior próxima da do cordão inferior, para não correr o risco da resposta da carga de baixo ser privilegiada. Deste modo, e no caso do Lys, é preferível formar os dois cordões ou braços em simultâneo do que em dois anos.
Uma vez formada a videira e portanto assegurada a estrutura perene, com um ou mais braços, tem lugar a poda de frutificação deixada sobre as varas nascidas no ano anterior.
Na vara nem todos os olhos têm a capacidade de produzirem uvas, sendo normalmente os do terço médio os mais frutíferos; todavia, esta fertilidade é variável conforme a casta pelo que é importante conhecer os hábitos de frutificação das castas, dependendo deles a intensidade de poda praticada.
As varas ao serem podadas mais ou menos compridas, ficam com mais ou menos gomos, definindo três tipos de poda: poda curta, poda longa e poda mista.
A poda é curta, quando as varas são podadas a 2 ou 3 olhos francos, tomando nomes diversos como talões, polegares, talicões, tornos, entre outros.
Nesta região sempre se consideraram as podas curtas desajustadas ao vigor das castas regionais, bem como às condições climáticas que contribuem para uma certa exuberância vegetativa. Todavia, ensaios de podas curtas em castas regionais têm revelado algumas vantagens - sem perdas significativas de produção - ao definirem zonas de produção mais concentradas facilitando as intervenções em verde, os tratamentos fitossanitários e ainda a poda do ano seguinte; trata-se do tipo de poda mais praticado quando se utiliza a poda mecânica.

A poda é longa, quando pelo menos ficam com 4 olhos, designando-se por varas.
Neste tipo de poda há dois aspetos importantes a considerar, a orientação das varas e se ficam livres ou não. Não faz sentido deixar varas compridas ascendentes sem recorrer também a talões (poda mista), caso contrário ao rebentarem preferencialmente nos últimos olhos obriga no ano seguinte a assentar a poda em varas muito afastadas do eixo principal do cordão.

A poda mista, quando se deixam varas e talões na mesma videira, é a mais vulgar nesta região, quer em sistemas de condução tradicionais como a ramada quer nos mais recentes como os cordões; os talões têm uma função renovadora garantindo varas de qualidade para assentar a poda do ano seguinte, enquanto as varas se destinam à produção do ano explorando os olhos mais frutíferos ao longo da vara.

É provavelmente o sistema mais vulgarizado, aplicado inicialmente às cruzetas e posteriormente a diversos tipos de cordões; consiste em deixar varas de 4-5 olhos intervaladas com talões de renovação. Predominam as varas direcionadas no sentido ascendente, mesmo nos sistemas de sebes totalmente retombantes (Cruzeta, CSR, CSOB), dado que os pâmpanos oriundos das varas, pelo seu próprio peso, são naturalmente empados para baixo; este procedimento justifica-se pela melhor qualidade das varas que crescem no sentido ascendente.

Todavia há casos em que as varas nas formas retombantes, devem ser mais compridas (superior a 5 olhos), nomeadamente, na casta Loureiro dada a sua sensibilidade à desnoca; em castas vigorosas como o Avesso; em castas de frutificação baixa como o Arinto ou ainda em castas onde a frutificação assenta no terço médio da vara como o Padeiro.
Na tentativa de criar mais espaços ("buracos") na vegetação, deve-se deixar sempre que possível o talão junto da vara, que é aliás o princípio da poda Guyot, e não o talão alternado com a vara.

É uma poda longa que assenta em varas compridas e arqueadas, isto é, empadas sobre um arame inferior ao nível do cordão, e perpendicularmente ao sentido do arame. A mesma vara funciona como vara de frutificação e como vara de renovação, pois a empa faz dos olhos basais a função dos talões.

Com a continuidade dos anos tende a alongar-se a unidade de frutificação, pelo que se deve renovar a poda em talões propriamente ditos ou em ramos ladrões junto à base da unidade. Este sistema de poda é recomendado para formas de condução em que há divisão da sebe no sentido ascendente e retombante.

É uma poda mista típica de condução de vinha baixa e exclusivamente ascendente, e tal como é preconizada na forma simples - um talão de 2 olhos e uma vara longa de 5 a 8 olhos - não se coaduna com o afastamento normal entre videiras desta região (1,25 m - 2,50 m) e assim com as cargas praticadas (25-35 olhos/videira). Todavia, se a vara em vez de ser estendida sobre o arame (Guyot simples), for empada fazendo um arco no mesmo sentido do arame (Guyot arqueado), e o sistema for bilateral ou duplo, é adaptável desde que se aumente o intervalo entre videiras.

O Guyot simples é dos sistemas que reduz mais a expansão da videira, tendo de haver bom equilíbrio entre o vigor do talão e da vara, para que não haja respostas desequilibradas entre as duas unidades. Anualmente, de cada talão, forma-se nova vara da vara saída do olho superior, e talão da vara do olho inferior.

Na região, a condução em bardos altos é uma poda composta por Guyots com empa, sobrepostos.
É uma poda mista formada por varas com 4-5 olhos, distanciados de 30 a 40cm e inclinadas cerca de 45º, para evitar a dominância da rebentação nos olhos terminais; há necessidade de também deixar talões para castas vigorosas que tenderão a rebentar preferencialmente nos olhos terminais.
As varas para se sujeitarem àquela inclinação têm de ser atadas a um arame superior o que não rentabiliza a operação poda.
Aplicável só para sebes ascendentes.

É uma poda curta que é formada apenas por talões de 2 a 3 olhos, distanciados de 15 a 18 cm, aplicável a castas férteis.
Uma vez estabelecido, a maior vantagem deste sistema reside na facilidade e rapidez de execução e por outro lado os cachos ficam bem expostos e acessíveis aos tratamentos. Aplicável só para sebes ascendentes.
Como inconveniente, é exigente na poda de formação que é também demorada, e é difícil de equilibrar a vegetação em todo o cordão (vigor diferenciado).


Podas do tipo Guyot Simples, Cazenave e Royat são aplicáveis a conduções exclusivamente ascendentes, que na região são apenas aconselháveis a situações de terrenos de meia encosta de fertilidade moderada a fraca.
A actuação regular ao longo do ciclo vegetativo, melhora as condições de crescimento e maturação dos cachos, não só porque há melhor distribuição das reservas, maior arejamento, maior exposição das folhas e dos cachos, mas também facilita a passagem das máquinas e a melhor penetração dos produtos fitossanitários durante os tratamentos.

Os ramos ladrões competem em termos de reservas com os lançamentos das varas deixadas na poda, criando adensamento da sebe com consequentes reflexos negativos na qualidade da produção.
A eliminação destes lançamentos que nascem fora dos locais pretendidos, deverá executar-se o mais cedo possível, de modo a evitar que por um lado a videira invista reservas em material improdutivo, e por outro, que a operação se torne mais difícil por endurecimento da base de inserção.

Normalmente esta operação efetua-se manualmente durante os meses de abril-maio, em mais do que uma passagem, sendo inconveniente deixar esta operação para muito próximo da floração.
Também se pode efetuar mecanicamente quando o desladroamento incide apenas sobre a base dos troncos das cepas, ou mesmo neste caso também, recorrendo à aplicação de herbicidas de contacto.

A este tipo de intervenção não é dada normalmente a importância de que carece, e principalmente numa região como esta, em que há uma diversidade de formas de condução com sebes ascendentes e/ou retombantes e com condições climáticas que favorecem por um lado o crescimento intenso e por outro o desenvolvimento de doenças criptogâmicas.
Tal como diz a designação, trata-se de orientar os lançamentos no sentido para que foram previstos em conformidade com a forma de condução. Esta operação está hoje facilitada para as sebes ascendentes, usando arames duplos dentro dos quais se introduzem os lançamentos, e que poderão ser móveis ocupando mais do que uma posição em altura e assim diminuir o investimento em arame.
A orientação da vegetação é tanto mais necessária quanto maior o número de sebes, e principalmente se retombantes e se sobrepostas, caso dos Cordões Sobrepostos e Lys, na medida em que é fundamental que as sebes sejam independentes, isto é, que os lançamentos não se entrelacem deixando livre um espaço entre as sebes, pelo que é necessário desprender os lançamentos do cordão inferior que têm tendência a agarrar-se ao cordão superior.
Na orientação da vegetação de sebes exclusivamente retombantes, os lançamentos ao adquirirem o peso suficiente tombam mas de forma indisciplinada, devendo posteriormente ser ''penteados'', ou seja, desentrelaçados uns dos outros colocando-os na vertical descendente para que haja mais arejamento e também evitar que cresçam na horizontal abafando vegetação subadjacente.
Esta operação tem um limite máximo de execução, até aproximadamente 8 dias após a floração, período a partir do qual as gavinhas começam a lenhificar tornando impossível orientar a vegetação manualmente sem a ajuda de uma tesoura. Algumas castas sofrem de desnoca, e portanto o orientar pâmpanos muito cedo é um risco, é o caso do Loureiro, que só permite um manuseamento à vontade após o vingamento, ficando um período de atuação muito reduzido para castas com esta sensibilidade; é todavia aconselhável ser praticada em dias de bom tempo pois diminui o risco de se partirem.
Com esta intervenção favorece-se o vingamento dos frutos e a exposição de maior área foliar, evitando zonas mal drenadas no interior das sebes e consequentemente a senescência precoce de folhas adultas.

A desponta ou poda verde, que consiste no corte das extremidades dos lançamentos, é talvez a técnica de intervenção em verde mais corrente e que numa viticultura intensiva de elevadas densidades é imprescindível de realizar, para além de doutros, por motivos de ordem cultural, particularmente da mecanização. Nesta região, ocorre por necessidade após a fase de crescimento mais ativo e normalmente a seguir a uma orientação de vegetação retombante segue-se de imediato uma desponta, caso contrário a passagem do trator nas entrelinhas torna-se impossível.
Para além deste aspeto de ordem prática, a desponta, ao diminuir o ensombramento beneficia a exposição dos cachos e reduz a ocorrência de doenças e pragas, mas altera a fisiologia da videira pela emissão de netas estimuladas sempre que se pratica a desponta. Nas sebes ascendentes, a desponta torna-se necessária quando os lançamentos ultrapassam o último arame e tombam sobre si próprios; por outro lado, a emissão de netas no topo da vegetação aumenta consideravelmente a superfície foliar exposta com ganhos fotossintéticos notórios. Nas sebes retombantes a desponta tem por efeito recuperar o arejamento no interior da copa afastando os lançamentos do nível do solo.
A intensidade da desponta pode ser mais ou menos forte. Considera-se uma desponta severa quando se deixam apenas 4 folhas acima do último cacho, e uma desponta moderada, quando se deixam 7 folhas. As despontas mais intensas deverão efetuar-se em vinhas que apresentem excesso de vigor e consequentemente dificuldades de vingamento (desavinho), pois com a desponta eliminam muitas folhas adultas, da falta das quais a videira se ressentirá se apresentar fraco vigor.
De um modo geral, não é aconselhável realizar-se a desponta nem muito cedo nem muito tarde, mas nunca antes da floração, pois a emissão de netas desencadeia processos de competição perturbando o equilíbrio vegetativo e produtivo. Experiências recentes na EVAG sobre a melhor época de atuação, evidenciaram a importância do vigor do complexo casta x porta-enxerto x fertilidade do solo, sendo tanto mais importante realizar-se a desponta à floração quanto mais vigoroso é o sistema.
São negativas as despontas efetuadas muito tarde, isto é, já próximo do pintor, pois nesta fase o que provoca é sobretudo uma forte redução da superfície foliar ativa, com reflexos negativos na qualidade.
A desponta é das operações em verde mais facilmente mecanizáveis em vinhas plantadas em fiadas ordenadas, existindo no mercado diversos modelos de despampanadeiras, sendo preferíveis as que permitem a regulação do nível de corte em altura e em largura quando em pleno funcionamento.
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A desfolha consiste em retirar folhas geralmente no nível abaixo dos cachos, com vista a aumentar o arejamento e a exposição ao sol dos mesmos, permitindo melhorar a coloração e a maturação dos bagos, em boas condições sanitárias.
É todavia, das técnicas de intervenção em verde, a que deve ser aplicada com maior precaução, quer quanto à intensidade quer quanto à época de atuação.
Deve efetuar-se essencialmente em sebes densas e incidir sobretudo sobre folhas que não estejam ativas. A sua realização demasiado cedo dentro do período de maturação, e em dias de forte radiação, pode originar problemas de escaldão com reflexos negativos na quantidade e qualidade da produção. Embora realizada normalmente à mão pode ser feita mecanicamente.

A desfolha, deverá efetuar-se já com um teor elevado de açúcares no cacho de modo a evitar possíveis escaldões, proporcionando ainda, quando realizada nesta fase, melhor controlo da podridão e aumento do rendimento do trabalho da vindima por facilitar o acesso aos cachos.

Para castas muito produtivas e em anos de grande produção, a monda de cachos pode ser um método de regularizar a produção e melhorar a qualidade. Pode realizar-se sobre parte ou na totalidade do cacho, devendo eliminar-se neste caso os cachos inseridos em 2º ou 3º nível. A intensidade deve ser de pelo menos 30%, para que se verifique a redução do excesso de produção e os ganhos no peso médio do cacho e no teor em açúcares bem como a diminuição da acidez total.
A época de actuação deve ser entre o vingamento e o pintor, isto é, antes da acumulação dos açúcares no bago. Praticada após o pintor, reduz a produção mas não melhora a qualidade. Normalmente é feita manualmente com a tesoura de poda, o que torna a operação cara para grandes áreas de vinha; outro processo é a via química uma semana após o vingamento, sendo todavia mais difícil de controlar a taxa de redução pretendida.

A monda de cachos é ainda aconselhável no primeiro ano de enxertia, ou no ano de plantação de enxertos-prontos, como forma de melhorar o vigor das plantas.