A esca é uma importante doença do lenho que é atribuída a um conjunto de fungos parasitários (Phaeomoniella chlamydospora, Phaeoacremonium aleophilum, Phaeoacremonium inflatipes e outras espécies do género Phaeoacremonium, Eutypa lata, Botryosphaeria spp., e os basidiomicetas Fomitioporia spp. e Stereum hirsutum.); consideram-se uns ''precursores da esca'' que destroem a lenhina dos tecidos mortos, e outros, propriamente ditos ''fungos da esca'' que então destroem as celuloses, hemiceluloses e libertam compostos fenólicos. Os primeiros são os responsáveis por uma necrose escura e dura com pontuações apreciadas em corte transversal do tronco (e que em corte longitudinal correspondem a feixes negros), enquanto os segundos, pela necrose clara e mole.
Há duas formas de esca, a lenta que vai destruindo a cepa gradualmente - podendo haver recuperação por corte até ao lenho são - e a apoplética que em poucos dias seca a vegetação.
Os sintomas são distintos; assim, na forma lenta, as folhas por falta de circulação e na presença das toxinas libertadas pelos fungos, apresentam manchas amarelas e depois necrosadas nas margens, e entre as nervuras, manchas de cor amarelada ou vermelhas consoante são castas brancas ou tintas, podendo estes sintomas confundirem-se com os da cigarrinha verde; os bagos ganham pontuações e necroses arroxeadas.
Na apoplexia, as folhas das extremidades ganham uma tonalidade verde acinzentada secando posteriormente; estes sintomas, por sua vez, confundem-se com os da podridão radicular.

A contaminação como se dá por dispersão aérea do fungo, é típica de videiras idosas com grandes feridas de poda, sendo o desenvolvimento do micélio favorecido por chuva intensa e temperaturas elevadas. Ultimamente também têm ocorrido em videiras jovens com 1 e 3 anos de enxertia.
Como meios de luta cultural apontam-se: uso de material são; podas pouco severas; podar com tempo seco e sem vento; queimar a lenha de poda com mais de dois anos; não deixar muito tempo a lenha de poda por queimar e podar as videiras infetadas no fim com desinfeção de tesouras (lexívia ou álcool) e feridas de poda (fungicida à base de carbendazime + flusilasol).
Na região são-lhe particularmente sensíveis as castas brancas Alvarinho e Avesso.
Trata-se de um fungo que surge com frequência nesta região pelas condições favoráveis ao seu desenvolvimento, com a presença de chuvas no momento da rebentação. A sua importância deve-se também ao facto da maioria das castas brancas regionais serem-lhe sensíveis, com especial destaque para o Loureiro, que em consequência disso, quebram os pâmpanos com muita facilidade por simples toque ou acção do vento; este acidente é conhecido por ''desnoca''. Nesta região predomina a ''escoriose americana'' (Phomopsis viticola) enquanto noutras regiões do país domina a ''escoriose europeia'' (Macrophoma flaccida).

O fungo hiberna sob a forma de micélio nos gomos ou de picnídeos nos sarmentos, dando-se a sua maturação durante o Inverno, daí os esporos serem logo disseminados pelas chuvas com a rebentação infetando a vinha logo no estado de folhas saídas (D). As temperaturas primaveris de 15 a 18ºC e uma humectação de 7 a 10 horas consecutivas, são suficientes para a contaminação. Surge em manchas na vinha, quer pelo uso de varas infectadas na enxertia quer pela transmissão pelas tesouras de poda.
Os sintomas da escoriose são dos primeiros a revelar-se após a rebentação da vinha, e particularmente nas vinhas onde os típicos sintomas nos sarmentos foram detectados à poda. Todavia, pode haver infecção com ausência desse tipo de sintomas (picnídios), encontrando-se o fungo apenas na forma hibernante de micélio.

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Órgão (estado fenológico) |
Sintomas da Escoriose |
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Jovens pâmpanos (D)
Pâmpanos (E-F)
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Necroses nos entrenós basais, com bordos violáceos, acompanhadas de fendilhamento (gretas) ou mesmo crostas castanho escuras que lembram uma ''tablete de chocolate''. Ausência de rebentação nos gomos basais dos sarmentos. Estrangulamento da inserção do pâmpano com a unidade de poda (Desnoca) |
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Folhas (E-F)
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Pontuações necrosadas com halo amarelo. Manchas escuras nos pecíolos e nervuras, acompanhadas de deformação. Se intensos, podem levar à desfoliação das folhas da base. |
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Cachos (I) |
Manchas escuras no pecíolo e ráquis, que podem levar a mau vingamento e dessecação do cacho. |
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Sarmentos (após atempamento) |
Manchas esbranquiçadas com pontos pretos (picnídios) que se podem estender pelo sarmento todo. |
A sintomatologia da escoriose nos vários órgãos, pode contudo confundir-se com a de outros parasitas, nomeadamente com a do cigarreiro Byctiscus betulae L. (gretas nos entrenós superiores do pâmpano); com a do ácaro Brevipalpus lewisi MG. (crostas mais abundantes na base dos pâmpanos, pedúnculo e ráquis); com a da podridão cinzenta Botrytis cinerea (cor branca dos sarmentos mas com manchas negras); com a do fungo Sphaeropsis malorum B. (só cor branca) e ainda com a da bactéria Xanthomonas ampelina P. (só gretas nos entrenós basais).
Os principais estragos causados por esta doença devem-se a quebras de produção, quer pela não rebentação de muitos olhos basais quer pela quebra de pâmpanos (desnoca) em pleno crescimento.
É essencial a luta cultural, pelo que à poda devem deixar-se apenas varas sãs, bem como escolhê-las igualmente sãs para a realização da enxertia; proceder à queima de varas infetadas após a poda e levar à prática uma poda longa para ter rebentações garantidas em olhos não basais, quando na presença de videiras bastante atacadas.
Na luta química é fundamental realizar 2 tratamentos, quando 40% dos olhos estão no estado D e outro a 40% do estado E, para produtos só de contacto. Em alternativa, pode-se aplicar um só tratamento recorrendo ao uso de um fungicida também de ação sistémica, tipo fosetil de alumínio mais um de contacto, quando 40% dos olhos se encontrarem no estado D.
Trata-se de outro fungo do lenho, que sendo um parasita de lesão entra pelas feridas das podas em madeira com dois ou mais anos. O fungo entra pelas feridas recentes, penetra no tecido vascular da videira e o seu micélio espalha-se pelos tecidos adjacentes, cerca de 4 a 14 dias após a entrada na videira.
Os sintomas primários surgem no lenho, evidenciando-se em corte transversal do tronco ou braços, uma necrose sectorial castanha clara e dura, e em cunha no sentido longitudinal; os secundários manifestam-se na Primavera através de crescimentos reduzidos, com folhas pequenas, cloróticas e crispadas com manchas necróticas, e com inflorescências destruídas provocando desavinho e bagoinha.

O fungo conserva-se sobre a madeira morta, tendo a capacidade de se manter fértil durante mais ou menos 5 anos. Assim, as videiras mortas nas parcelas são fontes de inóculo que vão contaminar as videiras vizinhas. O fungo entra em actividade após uma chuva de pelo menos 5mm (2 horas após o início da chuva e durante 2 a 3 dias) e o frio favorece também o desenvolvimento da doença. A sua disseminação é assegurada pelo vento para grandes distâncias, por vezes até várias dezenas de quilómetros, mantendo-se viáveis durante pelo menos dois meses.
A susceptibilidade das feridas de poda à entrada do fungo varia entre três semanas no início do Inverno e menos de um dia na Primavera.
Á semelhança da Esca, são recomendadas medidas essencialmente profilácticas.
A Flavescência Dourada da vinha é uma das doenças cloróticas mais graves da vinha estando incluída desde 1993 na lista de organismos de quarentena na União Europeia. É provocada por um fitoplasma que é específico da videira e se transmite por meio de um insecto vector, o cicadelídeo Scaphoideus titanus.
Para que haja multiplicação da doença, é necessária a ocorrência simultânea de cepas contaminadas com Flavescência e a presença do insecto vector. O facto das cepas atacadas poderem não manifestar os sintomas da doença logo no ano seguinte ao da contaminação, gera maior dificuldade no seu controlo e confere maior importância para a eliminação na vinha do insecto vector. Por conseguinte, se bem que a presença do insecto não determina obrigatoriamente a existência da doença deve ser um sinal de alerta, tanto mais que foram já identificados na região, vários núcleos de parcelas com videiras infectadas e insectos portadores do micoplasma da Flavescência Dourada.
O insecto inverna na forma de ovo, que são depositados pelas fêmeas na madeira velha das cepas, geralmente a partir do início do mês de Setembro. A eclosão inicia-se apenas durante o mês de Maio e ocorrem 5 estádios larvares até atingirem o estado adulto. Os primeiros adultos surgem em Julho e podem voar até meados de Setembro. O insecto adquire a doença ao alimentar-se numa videira infectada, ficando com capacidade de transmitir a doença a outra videira, passados 30 dias. A videira infectada pode evidenciar os sintomas da doença logo no ano seguinte ou até 5 anos após contaminação. Algumas videiras atacadas podem recuperar se não forem reinfectadas, mas a maioria acaba por morrer.
A Flavescência Dourada apresenta um conjunto de sintomas típicos. Os primeiros sintomas aparecem em videiras isoladas em princípios de Junho. Geralmente a doença manifesta-se nas partes aéreas da videira, por:
- Descoloração das folhas, com enrolamento para a página inferior acompanhado de amarelecimento nas castas brancas e vermelhão nas castas tintas.
- As folhas tornam-se sobrepostas umas sobre as outras, ficam duras e quebradiças
- As varas não atempam e ficam pendentes em forma de ''chorão''
- Ocorre dessecamento das inflorescências logo à floração ou emurchimento dos bagos ao pintor.
Estes sintomas podem manifestar-se em toda a cepa ou apenas num braço. A Flavescência Dourada não dispõe de meios de luta directa. A luta contra esta doença assenta na adopção de medidas profilácticas e na luta contra o insecto vector nas vinhas. A velocidade de propagação da doença depende assim do nível de inóculo e da importância da população do agente vector.
Desde que seja detectada a doença num determinado local é imprescindível estabelecer um programa de eliminação do insecto vector, para limitar a sua dispersão.
O tratamento de Inverno limita a população de ovos, mas fundamentais são os tratamentos à folhagem. O primeiro tratamento será efectuado cerca de 1 mês após o surgimento das larvas; o segundo tratamento tem lugar 1 mês após o primeiro, e o terceiro, é um tratamento de segurança contra os adultos.

Em Portugal já estão homologados doze produtos para o controlo deste insecto, havendo também substâncias activas utilizadas contra a cicadela verde que actuam também sobre a cicadela Scaphoideus titanus. Alguns desses produtos tem acção também sobre outras pragas, podendo ser utilizados com dupla finalidade, caso da traça da uva. Todavia deve ser dada prioridade ao momento oportuno para o controlo da cicadela da Flavescência, pois o alargamento da data do tratamento pode facilitar a entrada do insecto e provocar nova infecção.
Entre as medidas profiláticas a pôr em prática pelos viticultores destacam-se:
- Utilização de material vegetal são (bacelos e garfos).
- Vigilância na vinha e arranque sistemático das cepas infectadas
- Desvitalização e arranque das vinhas abandonadas
- Queima da lenha de poda, sobretudo da madeira com mais de 2 anos
A Flavescência Dourada, afecta a quantidade e a qualidade da produção, pondo em risco a curto prazo a sustentabilidade económica de qualquer exploração vitivinícola.
A confirmação da presença do insecto vector nas vinhas ou na sua vizinhança determina a obrigação da realização dos tratamentos químicos com insecticidas específicos contra o Scaphoideus titanus.
Reforça-se um aspecto importante e que deve passar a fazer parte do modo de actuar, que é a prospecção e respectiva identificação na vinha de videiras infectadas. A melhor altura para detectar a doença é a partir da fase do pintor (Agosto) até à vindima. As videiras que evidenciem sintomas de contaminação devem ser marcadas, arrancadas e queimadas até 31 de Março do ano seguinte.
Trata-se da principal doença da videira nesta região, provocando estragos com maior repercussão na produção da videira, destruindo quer inflorescências (pré-floração) quer cachos desde o vingamento até ao pintor.
Este fungo conserva-se essencialmente durante o Inverno, nas folhas mortas ou no próprio solo, sob a forma de ovos (oósporos), que na Primavera germinam dando macroconídios e estes a zoósporos, esporos com 2 cílios que se deslocam na água. A partir das frutificações das infeções primárias (1ªs manchas de óleo na página superior das folhas e correspondente mancha branca na página inferior) o míldio reproduz-se, dando origem às infeções secundárias, tantas vezes quantas as condições ambientais o permitam.

A contaminação das infecções primárias só tem lugar desde que se verifiquem temperaturas superiores a 10ºC, com um mínimo de precipitação de 10 mm durante um ou dois dias e com pâmpanos que tenham crescimentos de 10 cm no mínimo, daí se dizer que ocorre segundo a ''''regra dos três 10'''', sendo de maior risco as zonas mais húmidas da vinha e as folhas próximas do solo, por fácil acesso aos salpicos de gotas de água com zoósporos presentes nas poças de água.
Já para ocorrerem as infeccões secundárias basta os órgãos verdes da videira ficarem húmidos durante um curto espaço de tempo (2 a 3 horas) consoante a temperatura; portanto, noites orvalhadas são suficientes para provocarem ataques de míldio.
Dado que todos os órgãos verdes podem ser atacados, os ataques e respetivos sintomas do míldio na videira sucedem-se ao longo do ciclo vegetativo.
Órgão (estado fenológico) | Sintomas do Míldio |
Folhas jovens (F-G) | Mancha de óleo na página superior da folha e correspondente mancha branca pulverulenta na página inferior |
Inflorescências (H-I)
| Bolor branco, cor acastanhada e inflorescência em ''''S'''' ou em báculo (Rot gris) |
Cacho após alimpa (J)
Pâmpano após alimpa (J) | Bolor branco que evolui em necrose, ao nível do ráquis, dos pedicelos e mesmo do pedúnculo Necrosados e curvatura da extremidade em báculo |
Cacho após bago de ervilha (K) | Manchas acastanhadas e com ''''dedadas'''' nos bagos que se enrugam e secam (Rot brun) |
Folhas após vindima - Outono | Manchas necrosadas, pequenas e delimitadas pelas nervuras (Míldio mosaico) |
Alguns sintomas do míldio podem-se confundir com os de outras doenças ou pragas, é o caso do bolor branco do oídio (ectoparasita) que recobre os órgãos mas que facilmente desaparece ao tato, enquanto o do míldio (endoparasita) não; também a podridão cinzenta cria um bolor nos bagos mas de coloração cinzenta e a necrose acastanhada ao nível do ráquis é mais mole que a provocada pelo míldio, e finalmente, as manchas amareladas das folhas provocadas pelo aranhiço amarelo são acompanhadas de pontuações negras no seu interior sendo inexistentes nas do míldio.
Em casos de fortes ataques, as folhas tendem a secar parcial ou totalmente, caindo prematuramente, o que compromete a vindima tanto em quantidade como em qualidade, bem como o atempamento dos sarmentos.
Para além das condições favoráveis ao desenvolvimento do míldio em determinados anos, há castas particularmente sensíveis, como são exemplo, as castas brancas Avesso e Trajadura.
Dado que o único meio de luta anti-míldio actualmente eficaz é o químico, a estratégia de proteção passa inevitavelmente pela oportunidade dos tratamentos, recorrendo a produtos de contacto (carácter preventivo) e/ou penetrantes ou sistémicos (carácter curativo), face às condições de risco de desenvolvimento do fungo.
A aplicação de produtos de contacto (orgânicos, organo-cúpricos e cúpricos) deverá fazer-se de modo preventivo e/ou nos períodos de menor risco da doença; normalmente os tratamentos com estes produtos deverão efectuar-se com uma cadência de 10 dias, devendo repetir-se sempre que ocorra uma precipitação superior a 20 mm devido a sofrerem lavagem. Quando na presença de fortes condições de infecção, dever-se-á encurtar o intervalo referido entre tratamentos, para 7 dias.
Quanto à aplicação de produtos penetrantes ou sistémicos, esta pode efectuar-se de modo preventivo ou curativo, no entanto deve reservar-se o seu uso para as fases mais críticas do ciclo vegetativo, ou seja, de maior risco de infeção e obviamente quando já ocorreram infecções na vinha. Os produtos penetrantes, tal como o próprio nome diz, têm a capacidade de penetrar nos tecidos e deste modo controlar a doença até 2 dias após a ocorrência da infeção. Os sistémicos, para além da capacidade de penetrarem nos tecidos, translocam-se na seiva da planta e deste modo mantêm protegidas as partes em crescimento.
Actualmente existem no mercado produtos comerciais que associam quer substâncias activas penetrantes (cimoxanil) quer substâncias activas sistémicas (ofurace, metalaxil, fosetil de alumínio, etc), e claro, de contacto também, permitindo uma protecção eficaz. Face ao seu modo de acção, estes produtos deverão pois posicionar-se nos esquemas de tratamentos no período de maior crescimento da videira que coincide perto da floração. Os produtos penetrantes e sistémicos têm a propriedade de serem absorvidos rapidamente (geralmente após 1 hora) e como tal têm maior persistência de ação; normalmente o intervalo entre tratamentos destes produtos é de 12 a 14 dias respectivamente, todavia, na presença de condições de forte pressão da doença deve-se reduzir para 8 e 12 dias respetivamente.
A partir da fase de diminuição do crescimento da videira, bago de ervilha (K), a persistência dos produtos cúpricos aumenta, devendo ser aplicados a partir deste momento, pois para além de terem ação sobre o oídio e a podridão cinzenta, prolonga a vida útil das folhas na cepa e o atempamento das varas.
Na luta cultural há que evitar o excessivo vigor das videiras, induzido pela casta, sistema de condução, adubações azotadas e podas, no sentido de criar um bom microclima por arejamento e exposição ao sol de cachos e folhas; cabe ainda aqui referir, a prática de intervenções em verde como forma cultural de melhorar o referido microclima e favorecer a penetração das caldas dos tratamentos.
Sendo a doença mais combatida a nível nacional, nesta região não tem a mesma importância, provavelmente pelas Primaveras serem geralmente muito chuvosas. A importância do combate a esta doença é acrescida pela oportunidade de instalação de uma outra doença, a podridão cinzenta, que nesta região tem vindo a aumentar.
O fungo inverna quer na forma de micélio (fase assexuada) no interior dos olhos protegido pelas escamas, quer sob a forma de cleistotecas ou peritecas (fase sexuada) nos sarmentos, folhas caídas ou no próprio solo. Sendo um ectoparasita, o micélio localiza-se no exterior dos tecidos vegetais, alimentando-se das células através de órgãos sugadores, designados por haustórios. Quando o micélio amadurece emite grande quantidade de conídios que levados pelo vento contaminam qualquer órgão verde da videira, constituindo as infecções primárias do fungo.

Todavia, estudos recentes revelaram que nesta região as infecções primárias têm mais origem nas cleistotecas presentes nos sarmentos do que no micélio, o que naturalmente define atempadas estratégias de luta nos primeiros ataques.
A partir das infecções primárias, surjam elas de uma forma ou de outra, e desde que as condições climáticas sejam favoráveis, suceder-se-ão as infecções secundárias sucessivamente. O oídio desenvolve-se com temperaturas compreendidas entre 5 a 40ºC, aumentando o seu crescimento a partir dos 15ºC, e a partir dos 25% de humidade relativa do ar, que quanto mais elevada mais quantidade de conídios forma; este aspecto é importante, dada a sua dependência da humidade mas não de chuvas abundantes (como o míldio) podendo tais chuvas ''lavar'' mesmo os conídios. Isto explica a sensibilidade da videira ao oídio em regiões mais quentes, onde a precipitação é baixa, mas cuja proximidade de um rio, por exemplo, garante a humidade relativa do ar suficiente para o seu desenvolvimento.
Entre as castas da região mais sensíveis a esta doença, destaca-se a casta branca Azal e a casta tinta Borraçal.
Face às condições climáticas desta região, com frequentes Primaveras chuvosas, o oídio só começa verdadeiramente a preocupar entre a floração e o pintor, e desde que não haja conhecimento à poda da presença significativa da doença nas varas.
Órgão (estado fenológico) | Sintomas do Oídio |
Ramo jovem (F)
Folhas (E-F) | Enfeltrado branco com origem no micélio hibernante, com enconchamento das folhas se o ataque for intenso (''bandeiras''). Ligeiro frisado no bordo do limbo. Pequenas mancham descoradas amarelo brilhantes de contornos irregulares na página superior. Aumento da sua extensão e evolução do enfeltrado branco nas duas páginas. Necroses nas nervuras da página inferior. |
Pâmpanos (F-M) Sarmentos | Manchas difusas verde escuras, que evoluem para a cor acastanhada após o atempamento. |
Inflorescências (H-I) | ''Pó branco'' nos botões florais, e possível dessecamento posterior das flores. Pouco frequente. |
Cacho (J-M)
| ''Pó branco'' nos bagos, pedúnculo ou pedicelo. Nos bagos ainda pequenos, estes encarquilham e secam; nos maiores, do aspecto pulverulento passam a fendilhar evidenciando as grainhas e acabam por necrosar. |
Uma forma de distinguir os sintomas do oídio dos do míldio ao nível da folha, são que a mancha do oídio é de contorno irregular, não tem aspeto ''oleoso'' e apresenta necroses nas nervuras da página inferior. Os sintomas ao nível dos bagos em crescimento são inconfundíveis, pois a morte das células epidérmicas levam ao seu endurecimento, provocando o fendilhamento da película que não acompanha o crescimento da polpa, ficando assim uma ''porta aberta'' para a Botrytis.
Deste modo, os estragos provocados pelo oídio afectam essencialmente a quantidade da produção quando atingem o cacho em crescimento, e de um modo indirecto, a produção quanti-qualitativa da vindima pelo consequente ataque da podridão dos cachos.
O único meio atualmente eficaz de combate ao oídio é o químico, sendo o enxofre sem dúvida, o produto mais recomendado no seu controlo, quer como preventivo quer como curativo. A ação do enxofre sobre o fungo exerce-se pela sua volatilização, o que determina que a eficácia varie em função da temperatura do ar; assim, a temperaturas baixas o enxofre atua mal e a temperaturas elevadas (>35ºC) pode provocar queimaduras.
O enxofre pode ser aplicado quer em pó, vulgarmente conhecido por enxofre flor, ou ainda sob a forma de enxofre molhável, grãos dispersíveis em água, e mais recentemente sob a forma líquida.
No início do ciclo e dado que as temperaturas são baixas pode reforçar-se a dose de enxofre, no entanto a dose média recomendável por hectare, no que respeita ao uso do enxofre em pó, é de 30 kg. Normalmente em situações de baixo risco do oídio, são suficientes 3 pulverizações com enxofre em pó: na fase de cachos visíveis, à floração-alimpa e ao fecho do cacho. À floração é recomendável o uso do enxofre em pó, pois é conhecido o efeito benéfico que tem sobre a fecundação dos óvulos, favorecendo o vingamento. O enxofre para além de actuar sobre o oídio tem também uma acção sobre a escoriose, sobre os ácaros e ainda sobre o míldio, pelo efeito sinergético ao aumentar a eficácia dos produtos usados contra o míldio quando aplicados conjuntamente com o enxofre.
Embora conhecida a ação potenciadora do enxofre em pó no controlo destas doenças, hoje em dia, nesta região o enxofre é sobretudo usado na forma de enxofre molhável, dada a facilidade de aplicação e economia de tempo ao efectuar-se o tratamento conjuntamente com os produtos anti-míldio. Tudo leva a crer que este hábito regional - de juntar sempre o enxofre quando se trata o míldio - não ser assim tão despropositado. A dose recomendada de enxofre molhável é de 4 kg/ha, podendo no início do ciclo aumentar-se até aos 8 kg.
Na presença de castas muito sensíveis e em condições ambientais de grande pressão do oídio, que nesta região ocorre durante o período entre a floração e o bago de ervilha, pode ser recomendável recorrer ao uso dos produtos I.B.E (inibidores da síntese do ergosterol) que apresentam maior eficácia que o enxofre, actuando bem a baixas temperaturas; todavia, não se devem fazer mais que 3 tratamentos com estes produtos. É que o uso sistemático destes produtos num esquema de tratamentos, em substituição completa do enxofre, para além de poder vir a criar resistências por parte da videira, não gozam da vantagem de exercer qualquer efeito sobre outra doença e sobretudo sobre os ácaros.
Um meio de luta cultural prende-se com a condução da videira, que deve privilegiar sebes bem arejadas pois o oídio é sensível à luz directa, e por conseguinte evitar situações de deficiente arejamento e de sombra; à semelhança do que foi referido para o míldio, também é importante o controlo do vigor das videiras.
A importância desta doença na região tem vindo a aumentar progressivamente nos últimos anos, com o aparecimento precoce de ataques na Primavera e mais intensos à maturação, fruto de Invernos mais amenos e Primaveras e Outonos chuvosos. Por outro lado, um quadro eficaz de controlo à podridão é exigente quer em número de tratamentos (4) quer em produtos de elevado custo. As perdas de produção nesta região podem ultrapassar os 50%, para além das perdas na vinificação e sobretudo na qualidade dos vinhos.
O fungo hiberna nas varas da videira sob forma resistente (escleroto) ou micélio, e este preferencialmente no ritidoma da videira ou em qualquer detrito húmido ou no solo. Na Primavera dão origem a frutificações que produzem grande quantidade de esporos que disseminados pelo vento e/ou salpicos de água vão infectar os órgãos verdes da videira.

Este fungo é favorecido por temperaturas entre os 15 e os 25ºC, encontrando o ótimo entre os 18 e os 20ºC, e humidade relativa elevada, 90-100%, impedindo as temperaturas inferiores a 10ºC o seu desenvolvimento. A humidade é um fator essencial ao seu desenvolvimento, pelo que todas as situações de vinhas próximas de linhas de água, em terrenos húmidos, com muitas infestantes e com vegetações sombrias e frescas, são preferidas.
Lesões nos órgãos verdes, em particular nos bagos que exsudam algum suco, são excelentes portas de entrada para este fungo; as lesões podem ter origem num fator climático como o granizo, num desequilíbrio hídrico que leva ao rachamento dos bagos ou em ataques parasitários anteriores, como os do oídio (bago rachado) e da traça-da-uva (bago perfurado).
O fungo, em condições favoráveis de Primaveras demasiado húmidas, pode atacar folhas e cachos, sendo vulgar em certos anos, ataques precoces da doença ainda antes da floração (podridão peduncular).
Os ataques de oídio ou da traça-da-uva mal controlados, acabam por ser agentes auxiliares dos ataques e respetivos sintomas da podridão cinzenta, pois o fungo responsável por esta doença tanto tem capacidade de penetrar por si só nos tecidos do hospedeiro como o faz através de feridas nos órgãos verdes da videira.

Órgão (estado fenológico) | Sintomas da Podridão cinzenta |
Pâmpanos (D-E ) | Manchas castanho claras, que podem secar a partir da extremidade |
Folhas (E-F) | Manchas castanhas ou castanho avermelhadas, de forma irregular e na periferia da folha. Se o tempo estiver muito húmido surge uma penugem cinzenta sobre as manchas |
Inflorescências (G-I) Cacho (J) | Dessecação parcial ou total, podendo chegar a cair Bagos ''''de chumbo'''' com tom violáceo, que engelham e secam, cobrindo-se com a penugem cinzenta |
Cacho (M) | Manchas castanhas ou castanho-violáceas cobertas de bolor cinzento ou cinzento-violáceo. Sob humidade muito elevada, o pedúnculo e o engaço são afectados com manchas claras de aspecto húmido (podridão peduncular) podendo o próprio cacho cair pelo peso da uvas |
Sarmentos | Tom esbranquiçado, formando-se manchas negras de forma irregular, alongadas e salientes (esclerotos) nas zonas mal atempadas |
Os sintomas da podridão ao nível da inflorescência distinguem-se dos provocados pelo míldio, pois o bolor é cinzento e a inflorescência não se deforma em S ou em báculo. Os sintomas ao nível dos bagos diferem dos provocados por outras podridões: da podridão ácida por esta ter um forte cheiro a vinagre e a presença da mosca do vinagre (Drosophila sp.); do Aspergillus niger pelo bolor inicialmente branco mas que enegrece, desprendendo-se os bagos do pedúnculo; do Rhizopus sp. pelo bolor em pontos brancos que escurecem, ficando os bagos mumificados no cacho e do Penicillium sp. pela coloração inicial de uma mancha castanhada clara e depois pelas pústulas brancas que evoluem para o verde azulado, perdendo o bago a consistência e caindo. Os sintomas da Botrytis nos sarmentos, podem confundir-se com os da escoriose, que também apresentam uma coloração esbranquiçada com pontos pretos, mas mais na base do sarmento, e não em forma de manchas salientes como a podridão.
Os estragos provocados por esta doença não se ficam pela elevada quebra de produção, estendem-se à vinificação pelo menor rendimento das prensas, maior percentagem de borras e dificuldades de clarificação dos vinhos. A qualidade do vinho é profundamente alterada, não só pela presença de enzimas do fungo, mas também por provocar diminuição da população de leveduras o que afeta a fermentação, diminuição da acidez total (essencialmente o ácido tartárico) e aumento do cítrico e acético, perda de aromas e sua alteração, perda de cor nos tintos e turvação nos brancos, ocorrência de casses, etc.
A luta cultural no combate a esta doença é fundamental, pois numa região como esta favorável ao seu desenvolvimento, é insensato usar castas sensíveis em locais onde a humidade relativa é elevada; por outro lado, em vinhas instaladas devem ser tomadas medidas que incrementem a humidade, tais como, limpeza de infestantes na linha e intervenções em verde para melhorar o microclima ao nível dos cachos.
Na luta química o método standard preconizado é o da realização de 4 tratamentos: à floração-alimpa, antes do fecho do cacho, no início do pintor e 3-4 semanas antes da vindima. O controlo eficaz da Botrytis passa obrigatoriamente pela realização do 1º tratamento à floração-alimpa; sabe-se hoje que o fungo permanece na caliptra agarrada aos jovens bagos pelo que é fundamental o seu combate neste estado. Nas castas que apresentam o cacho muito fechado é também importante realizar o tratamento antes do fecho do cacho, sendo sempre fundamental a realização do tratamento contra esta doença ao início do pintor. Quanto ao 4º tratamento, isto é, 3-4 semanas antes da vindima, no caso de castas precoces deixa de fazer sentido, pois coincide com o tratamento ao pintor. Por outro lado, pouco efeito tem efectuar apenas este tratamento contra a Botrytis na pré-vindima, se não se efectuarem os considerados tratamentos-chave, isto é, à floração-alimpa e ao pintor.
Na actualidade são vários os produtos utilizados no combate à Botrytis quer com acção preventiva quer com acção curativa. Segundo estudos feitos na EVAG, o grupo de produtos pertencentes à família dos benzamidazóis (caso do benomil e da carbendazima) de acção sistémica, revelaram quebra de eficácia em certos locais por aparecimento de resistências do fungo, razão pela qual saíram do mercado; por isso, estes produtos devem ser utilizados com o cuidado de alternar o grupo da substância activa empregue durante os diversos tratamentos. Não será de desprezar também, a acção secundária sobre a Botrytis, de alguns produtos usados contra o míldio da videira (caso do cobre).
É importante referir que a aCção dos produtos anti-Botrytis é condicionada pela qualidade do tratamento, devendo visar essencialmente o cacho, sendo portanto fundamental manter as sebes bem arejadas, com os cachos bem expostos de modo a facilitar o acesso da calda aos mesmos. Quase sempre um bom controlo da Botrytis passa pelo controlo eficaz da traça da uva, principal responsável pelas feridas nos bagos, bem como do oídio.
Esta doença, é a par das doenças do lenho da videira, das mais preocupantes na região. A intensificação da cultura da vinha verificada nos últimos anos, leva à implantação de vinha em terrenos anteriormente ocupados com vinha, pomares e outras lenhosas, não sendo respeitada a limpeza do terreno de raízes mortas sejam de videira, de fruteiras ou de espécies florestais, constituindo um risco acrescido com a eventual incorporação de estrumes mal curtidos.
São dois os fungos responsáveis pela podridão das raízes, Armillaria mellea (Podridão Agárica) e Rosellinia necatrix, muito embora o primeiro seja o mais frequente nesta região. Desenvolvem o micélio, ao longo das raízes e no colo, entre a casca e o lenho; no caso da Armillaria, a película micelial forma placas brancas, com ramificações terminais em leque e que são fosforescentes no escuro. Os filamentos miceliais entrecruzando-se formam cordões escuros similares às raízes, chamados rizomorfos, que encontrados no solo são a principal origem de contaminação em contacto com raízes sãs. A disseminação através do vento da Armillaria pelos basidiósporos, que se formam em cogumelos de cor bege dourada junto ao colo das cepas, é mais rara de ocorrer, até por que nem sempre se verifica a formação dessas frutificações (cogumelos).
Os sintomas na parte aérea não são típicos, começando a videira a enfraquecer, de ano para ano, morrendo antes ou no decorrer da rebentação, ou então subitamente à maturação. Nas raízes a presença do micélio acompanhado de um forte cheiro a bolor são os sintomas típicos. A doença alastra-se às videiras vizinhas de forma concêntrica, sendo muito favorável ao seu desenvolvimento a presença de humidade, que por sua vez depende da precipitação e da permeabilidade do solo.

É uma doença típica de vinhas relativamente jovens (3 a 10 anos), pois a sua presença vem normalmente da falta de cuidados culturais à implantação. Na presença da doença as videiras atacadas devem ser arrancadas, queimado todo o material lenhoso incluindo as raízes de maior dimensão e abrir uma vala de 50 cm de fundo em redor para proteção das videiras seguintes aos rizomorfos existentes no solo. Quando esta medida não é tomada, então a próxima plantação a efetuar nesse terreno deveria aguardar 4 a 5 anos, procedendo a culturas anuais com cereais praganosos. A luta química por desinfeção do solo é desaconselhável em proteção integrada.
Embora de capital importância, a doença do vírus do nó-curto encontra-se debelada na região, não só pelo maior controlo sanitário ao nível dos viveiros e pelas acções de melhoramento genético no material de propagação, mas também pelo maior conhecimento técnico quanto aos riscos de contaminação pelo solo.
A presença de nemátodos no terreno, dos quais o Xiphinema index e X. italiae são vectores do vírus do nó-curto, leva à adopção de medidas profilácticas como sejam, preconizar um período de pousio de 5 anos ou mais aos terrenos que tiveram vinha infectada, e nesse período de tempo proceder a culturas sachadas ou ainda usar herbicidas para controlar as infestantes hospedeiras dos nemátodos. A luta química por desinfeção do terreno com produtos nematodicidas não é permitida em protecção integrada, dada a elevada toxidade desses produtos.
Os muitos sintomas desta doença são particularmente caraterizadores, muito embora se possam manifestar isoladamente: deficiente crescimento dos entre-nós, nós duplos, fasciações dos ramos, deformações em zig-zag, gavinhas desenvolvidas no entre-nó e coladas a este, folhas assimétricas, com seio peciolar em chaveta, dentes compridos e agudos, porções de limbo da página inferior na página superior, desdobramento de nervuras (folhas duplas), diminuição dos ângulos entre as nervuras (folhas em palmeta) e desavinho completo ou parcial dos cachos. Destes sintomas, os passíveis de confusão com outro tipo de sintomas, são os das folhas assimétricas em palmeta e dentes aguçados, próprios também da carência de zinco e da acção de herbicidas hormonais.

Como forma de controlo é pois de salientar o uso de material vegetativo certificado, devendo os garfos ser de origem clonal ou então colhidos em cepas isentas dos sintomas referidos.
É a doença de origem viral que se encontra mais disseminada na região, muito embora todas as acções na área da selecção da videira e sua multiplicação a tenham sob controlo. Sabendo-se que se propaga pela enxertia de material infectado, e que, a maioria dos porta-enxertos a podem transmitir sem evidenciar sintomas e ainda que se desconhecem agentes vectores (salvo a possibilidade da cochonilha algodão ser um deles), a maior responsabilidade de risco recai sobre a actividade viveirista, que deve multiplicar somente material isento deste vírus.
A sintomatologia mais evidente é ao nível da folha, que se enrola para a página inferior, adquirindo uma cor avermelhada nas castas tintas e amarelada nas brancas, mantendo verdes as nervuras; pode ser confundida com a sintomatologia da carência de magnésio, e ainda com a da cigarrinha verde e a da flavescência dourada. A intensidade dos sintomas é também variável com o ano e com a casta.

Muito embora seja um vírus com que a videira se pode dar razoavelmente, isto é, não apresentar quebras de rendimento, a sua presença afecta essencialmente a qualidade dos vinhos produzidos, dada a dificuldade de maturação diminuindo o teor em açúcares e aumentando o da acidez.